sábado, julho 21, 2007

continuação de Transformers


Enfim, acho que as melhores qualidades de Transformers se devem a Steven Spielberg. Em muitos momentos do filme, a gente até esquece que é Michael Bay que se senta na cadeira de “director”. Mas, quando ele decide mostrar quem é que manda, fica difícil de olhar para a tela. O problema de Bay é que ele exagera aquelas técnicas cinematográficas que poderiam trazer de volta a “maravilha” de que fala Tom deSanto. O espectador minimamente esclarecido sente-se um idiota com purpurina jogada nos olhos o tempo todo. Michael Bay só pode agradar àqueles adolescentes com déficit de atenção ou analfabetos funcionais na linguagem audiovisual. É sofrível acompanhar o tempo todo aquelas panorâmicas absolutamente inúteis, que ficam girando ao redor das personagens e das coisas (para deixar a cena mais “dinâmica” e evitar “barriga”, é o que diria um cândido estudante de cinema); pior ainda é a trilha sonora, sublinhando, assinalando e empurrando goela abaixo do espectador toda a carga de “emoção” que o diretor quer dar à cena. É até hilário: quando Sam, em sala de aula, recebe a nota baixa do seu professor junto de uns acordes graves na trilha sonora para expressar “melhor” a “tragédia” do acontecimento; logo em seguida, o mau aluno começa a explicar para o mestre seus dramas pessoais, tentando convencê-lo a aumentar a nota: ouvimos então uma melodia triste e condescendente... O pior é que nem dá para dizer que Bay está sendo irônico. Que ridículo! Essa cena lembra alguns momentos de Olga (Brasil, 2004, Jayme Monjardim). Enfim, Michael Bay representa o pior do cinema dito “comercial” (o qual, em si só, não é algo simplesmente execrável).

Além da pieguice muito, mas muito mais exagerada e superficial do que nos filmes de Spielberg, outro elemento digno do diretor é o militarismo beligerante (tanto porque a produção teve apoio material das forças armadas dos EUA). A General Motors também deu uma mãozinha: só sei que, depois de ver Transformers, eu também quero para mim um Chevrolet Camaro!... (mesmo que não se transforme no dócil Bumblebee) Enfim, em termos estritamente cinematográficos, o único mérito aqui é (além, é claro, dos impressionantes efeitos especiais que põem no chinelo os robôs do desenho animado) a cena da batalha final, uma verdadeira orgia de metal e concreto: robôs gigantes que se transformam em veículos lutando entre si no centro de uma grande selva urbana, repleta de arranha-céus e carros, além de aviões e helicópteros do exército. O mísero ser humano – “bicho da terra, tão pequeno” no dizer de Camões – fica completamente perdido e quase invisível no meio de tudo isso (apesar das massas de população correrem desesperadas para lá e para cá); o homem, perto da máquina, não passa de formiga: há um curto plano em que o transformer líder do mal, Megatron, deixa isso bem claro através de um simples gesto.

Para encerrar, duas trivia curiosas: o filme aproveita muito bem a frase “There’s more than meet the eye” (“Há mais do que os olhos podem ver”), que é uma espécie de mote dos desenhos animados e se refere basicamente aos veículos que se transformam em robôs. O ator que faz a voz de Optimus Prime, o líder dos Autobots, chama-se Peter Cullen; ele dubla o mesmo personagem no desenho animado original. Já a voz de Megatron, líder dos Decepticons, é feita por Hugo Weaving (V de Vingança, trilogia O Senhor dos Anéis e trilogia Matrix).

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