quinta-feira, junho 30, 2011

Quebrando o Tabu


Texto novo do autor de Sombras Elétricas no site Cinefilia. Confiram. Comentem. Avaliem.


http://www.cinefilia.net/porfalaremcinema/?p=7255

quinta-feira, junho 16, 2011

A Trilogia Psicodélica de Tinto Brass


Saiu a Revista Rua deste mês. A colaboração do autor das Sombras Elétricas pode ser acessada em:


http://www.ufscar.br/rua/site/?p=5035

quinta-feira, junho 02, 2011

As brincadeiras de William Wegman


William Wegman é um artista norte-americano que, desde os anos 70, vem trabalhando em diversos suportes, com suas pinturas, fotografias e vídeos. São famosas as séries fotográficas com os cães Man Ray (em homenagem ao fotógrafo homônimo) e Fay Wray (nome retirado da clássica atriz de cinema). Wegman também é considerado um dos pioneiros da videoarte: contribuiu para o ótimo videoclipe de “Blue Monday” (1988), do New Order, e para a série infantil de TV “Vila Sésamo” (a partir de 1989); além de diversos “microcurtas” experimentais, dos quais o site oficial do autor oferece uma pequena amostra. São filminhos-brincadeiras poéticas que dificilmente passam muito de 1 minuto de duração, e são mostrados sem qualquer edição, legendas ou créditos – antecipando, quem sabe, a geração “youtube”. Vamos aos melhores deles:


Stomach Song (“Canção do Estômago”, 1970-1971, 1:20): o artista aparece sentado numa cadeira e enquadrado fixamente num plano médio que lhe corta a cabeça e os pés. No centro do quadro, os mamilos e a dobra da barriga na altura do umbigo formam um rosto que começa a “conversar” com o espectador e cantar para ele, graças a movimentos musculares bastante inventivos e à voz em “off” do artista (uma vez que o rosto real não aparece na tela). O efeito, em si, é bastante circense e nem um pouco original. Mas, colocado num vídeo, leva-nos a pensar nas relações entre o recorte de mundo sempre significativo que é operado pela câmera e o fora de campo (“hors champ”), o qual – no entanto – continua presente no quadro em potência, atuando e construindo sentidos na relação com os elementos visíveis no plano. O efeito especificamente fílmico nos faz lembrar as experiências “mágicas” de Georges Meliès para as primeiras plateias do cinema, que tinham dificuldades em entender que uma parte do corpo “cortada” pelo enquadramento ainda estava lá, no mundo real, saudavelmente ligada ao todo.


Dog Duet (“Dueto de Cães”, 1975-1976, 2:38): dois simpáticos cachorros são enquadrados num plano de conjunto e de frente para a câmera, enquanto acompanham muito curiosamente com o olhar algum objeto que parece se movimentar na frente deles, seguindo a linha retangular do plano – o que já promove uma brincadeira com a bidimensionalidade da tela de video e suas relações com o tridimensional sugerido na imagem referencial que vemos dentro dela. Enquanto isso, vai aumentando a curiosidade e até mesmo a ansiedade do espectador; quando o objeto passa perto do chão, os cães chegam a esboçar um gesto para pegá-lo. No final, aparecerá uma mão em primeiro plano segurando uma bola de tênis. Mais uma vez, Wegman joga com as relações entre o que está dentro e o que se encontra fora de campo, desta vez chamando a atenção para os olhares e gestos dos dois animais imediatamente transformados em personagens de uma breve narrativa de suspense... Isso é quase o método hitchcockiano de se mostrar a reação no rosto do personagem (câmera objetiva) e, logo em seguida, fazer o espectador ver – com uma câmera subjetiva – o que aquele vê.


Randy’s Sick (“Randy Está Doente”, 1970-1971, 0:16): duas luminárias, uma grande e outra pequena (mas ambas com o mesmo design / modelo), estão colocadas frente a frente. A maior está quase na borda esquerda do quadro, e podemos ver uma mão que movimenta a sua “cabeça”, a qual diz (com voz logicamente em “off”): “Mãe, acho que o Randy está doente...” Então, a luminária pequena tomba para o lado... Agora, alguém se habilita a dizer que John Lasseter plagiou este video no famosíssimo e antológico Luxo Jr. (1986), animação computadorizada pioneira dos estúdios Pixar – cujo personagem principal ainda aparece na vinheta de abertura dos filmes da companhia? A semelhança é incrível, mas talvez seja melhor acreditar que qualquer olhar mais “poético” seria capaz de enxergar prosopopeias em certas formas de luminárias de cabeça redonda e corpo esbelto...


Spelling Lesson (“Lição de Ortografia”, 1973-1974, 0:49): um William Wegman profundamente compenetrado e sisudo está sentado à mesa com um cão, a quem dá lições de ortografia, corrigindo com o melhor ar professoral as palavras “escritas” pelo animal num caderno. O cômico neste video é a seriedade com que o “mestre” se dirige ao seu “aluno”; este, por sua vez, permanece com os olhos fixos no seu interlocutor, como se lhe prestasse a mais bem disposta atenção – o cão chega, até mesmo, a inclinar a cabeça em alguns momentos, como se se esforçasse em compreender a “matéria”. O clímax é quando, no meio das reprimendas do professor, o pobre animal emite um som de choro canino e inclina-se para lamber a face do seu dono, o qual se apressa em dizer – meio sem jeito – que perdoa os erros do “estudante”, mas que ele deverá se lembrar de acertar da próxima vez...


Link para a página oficial do artista:


http://www.wegmanworld.com/home.html