Antes de ontem rolou no cine Reserva Cultural, em SP, a exibição de um curta raro dirigido por Godard e Truffaut: Uma História d’Água (“Une Histoire d’Eau”, 1961); depois, um debate com o pesquisador e crítico francês (ex-editor da Cahiers du Cinéma) Antoine de Baecque, que veio lançar o livro Cinefilia: invenção de um olhar, história de uma cultura 1944-1968 (ed. Cosac Naify).
Nesta obra deliciosa, o autor conta a história de como um punhado de jovens críticos franceses (Godard, Truffaut, Rohmer, Rivette) mudou para sempre a maneira de se ver cinema e escrever sobre ele; após, quando passaram para o “outro lado”, mudaram para sempre a maneira de se fazer cinema (criando a nouvelle vague). Trata-se de leitura mais do que obrigatória para qualquer sujeito que faça, ou pretenda fazer, crítica de filmes.
No final, como não podia deixar de ser, rolou não uma sessão de autógrafos, mas verdadeiras dedicatórias personalizadas a quem quer que estivesse presente com o livro em mãos: Baecque e seu tradutor conversavam com cada fã (sim, fãs!), fazendo perguntas, demonstrando vivo interesse e incluindo as informações na assinatura. Muito gente boa, os dois.
P.S.: Na minha dedicatória, há o nome de Tim Burton, de quem falei que – também – era fã. Baecque escreveu uma monografia sobre o cineasta, e defendia o caráter autoral do seu cinema já em 1989, colocando como capa da Cahiers o filme Batman (o que fez, segundo ele, com que várias assinaturas fossem canceladas, dizendo os leitores que a revista tinha se “vendido” para o sistema).
2 comentários:
Semana passada ele estava aqui em Salvador, André, no CineFuturo. Participou de uma mesa redonda, depois apresentou o documentário Godard, Truffaut e a Nouvelle Vague e, por fim, autografou os livros. No meu, ele citou os dois cineastas franceses que estávamos discutindo. Muito tranquilo conversar com ele.
E o livro realmente é dos melhores, leitura gostosíssima e repleta de boas informações. E eu adoro esse curta que foi apresentado pra vocês, é a cara da Nouvelle Vague.
Esse curta tem bem aquela "alegria de filmar" típica da nouvelle vague, uma espontaneidade e vivacidade quase pueris. É bom saber que o de Baecque tá circulando pelo Brasil. Temos que aproveitar essas oportunidades, como que cultivando sementes de cinefilia que foram plantadas.
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