O Curioso Caso de Benjamin Button (“The Curious Case of Benjamin Button”, EUA, 2008, dir.: David Fincher) é um filme muito bonito e significativo, mas convencional como um best-seller. Apesar da sua intrigante premissa (um homem que nasce velho e que vai rejuvenescendo ao longo do tempo), o roteiro e a realização cinematográfica transmitem o tempo todo a forte impressão de que já vimos tudo isso antes. Desde as “catch phrases” de personagens, até as frases de lição filosófica pronunciadas pelo narrador (com voz em off, logicamente), a maior parte desse filme é composta de lugares-comuns. Talvez não tão comuns – graças a Deus – mas mesmo assim relativamente comuns. Benjamin Button se dirige ao espectador com o ímpeto e a boa vontade daqueles filmes que parecem ter sido feitos somente para abocanhar a maior quantidade de óscares possível.
A nova fita de David Fincher parece seguir à risca os manuais de produções “artísticas” a serem produzidas pelos selos para filmes “alternativos” dos grandes estúdios de Hollywood. Trata-se dos melhores manuais – posto que não passem de manuais. É um filme a ser exibido nas faculdades de cinema e de comunicação audiovisual. Benjamin Button é um best-seller cinematográfico. Atribua-se o valor que se quiser a esse fato, contanto que se o reconheça. Não obstante, o que interessa chamar à atenção aqui é que este filme é um bom best-seller. A começar pela premissa fantástica e por boa parte das suas consequências, muito bem trabalhadas. Em segundo lugar, é um filme muito competentemente realizado, nos aspectos técnicos; isso não quer dizer muita coisa para a abordagem que eu proponho, mas trata-se de um filme virtuosamente profissional – isso deve ser lembrado.
Em terceiro lugar – o mais importante –: Benjamin Button disfarça bem a sua estrutura convencional, por baixo de um acabamento que acaba por destacar mais a concepção criativíssima da premissa tirada de um conto de F. Scott Fitzgerald. O conjunto do filme tem uma apresentação sutil na tela. Embora se torne cansativo em alguns momentos, nós não nos sentimos excessivamente marketeados, manipulados pelos clichês semi-artísticos de uma produção oscarizável. Apesar de reconhecermos que tais clichês estão ali presentes, o filme de Fincher não é, absolutamente, tão irritante e “picareta” quanto Desejo e Reparação (2007, dir.: Joe Wright), o típico “oscarizável” do ano passado. Tal equilíbrio, eu creio que se deva a David Fincher, que decidiu aqui deixar de lado o caminho da violência que andava palmilhando desde Alien 3 (1993) até Zodíaco (2007).
A nova fita de David Fincher parece seguir à risca os manuais de produções “artísticas” a serem produzidas pelos selos para filmes “alternativos” dos grandes estúdios de Hollywood. Trata-se dos melhores manuais – posto que não passem de manuais. É um filme a ser exibido nas faculdades de cinema e de comunicação audiovisual. Benjamin Button é um best-seller cinematográfico. Atribua-se o valor que se quiser a esse fato, contanto que se o reconheça. Não obstante, o que interessa chamar à atenção aqui é que este filme é um bom best-seller. A começar pela premissa fantástica e por boa parte das suas consequências, muito bem trabalhadas. Em segundo lugar, é um filme muito competentemente realizado, nos aspectos técnicos; isso não quer dizer muita coisa para a abordagem que eu proponho, mas trata-se de um filme virtuosamente profissional – isso deve ser lembrado.
Em terceiro lugar – o mais importante –: Benjamin Button disfarça bem a sua estrutura convencional, por baixo de um acabamento que acaba por destacar mais a concepção criativíssima da premissa tirada de um conto de F. Scott Fitzgerald. O conjunto do filme tem uma apresentação sutil na tela. Embora se torne cansativo em alguns momentos, nós não nos sentimos excessivamente marketeados, manipulados pelos clichês semi-artísticos de uma produção oscarizável. Apesar de reconhecermos que tais clichês estão ali presentes, o filme de Fincher não é, absolutamente, tão irritante e “picareta” quanto Desejo e Reparação (2007, dir.: Joe Wright), o típico “oscarizável” do ano passado. Tal equilíbrio, eu creio que se deva a David Fincher, que decidiu aqui deixar de lado o caminho da violência que andava palmilhando desde Alien 3 (1993) até Zodíaco (2007).
7 comentários:
Adorei o seu texto, principalmente o final. Atribuo também a qualidade de Benjamin Button ao Fincher, que, mesmo "seguindo a cartilha" conseguiu dar alma a um roteiro que, ainda que hábil em saber escolher de forma correta o que deveria ou não ser retirado do conto original, tem falhas.
Abraço!
Um filme tecnicamente impecável, mas infeliz na escolha do protagonista (que pedia um ator de mais arrojo). Mostra claramente o talento do Fincher (um diretor de quem gosto muito, desde os tempos de Seven).
No geral, essa tem sido a fortuna de "Benjamin Button" mesmo: grandes elogios ao lado de fortes ressalvas. Todo mundo gosta dele, mostra qualidades, mas não deixa também de apontar problemas...
Será que teremos, no Oscar deste ano, "unanimidades", "obras-primas" como "Onde os Fracos Não Têm Vez" ou "Sangue Negro"?
Só avisando que vc é um dos Blogs Maneiros d'A Sala ^^
O maior problema estrutural foi Roth ter copiado tantos momentos do seu Forrest Gump... O que não alivia a barra de Fincher (um dos meus "heróis") é o fato dele ter se prestado a isso...
só um simples fechar dos olhos de um bebê já foi bastante emocionante.
Concordo, Luis Felipe. Achei estranho mesmo o Fincher fazer esse filme...
Mas a última cena, Brenno, é de fato a melhor! Sublime...
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