terça-feira, junho 10, 2008

This is Spinal Tap


“Mockumentary” é um gênero bem legal! Formado pelas palavras “mock” (zombar) e “documentary”, trata-se de um pseudo-documentário satírico. É uma grande expressão do burlesco no cinema: apresentar uma ficção ridícula como se fosse o real dotado de toda a gravidade. No cinema, são famosos o Zelig (1983) de Woody Allen, e o recente Borat: O Segundo Maior Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América (2006) de Larry Charles, com Sacha Baron-Cohen. Na TV norte-americana, destaca-se a série The Office (2005...), inspirada por uma homônima britânica.

No entanto, acredita-se que o termo “mockumentary” tenha sido cunhado pelo diretor Rob Reiner, para falar de seu filme This is Spinal Tap (1984). Esta fita é incrível. Trata-se de um documentário feito pelo cineasta (fictício, é claro) Marti DeBergi, que acompanha as idas e vindas de uma típica banda de rock: o Spinal Tap. Todas as idiossincrasias do roqueiro “poser” estão lá. O engraçado é justamente o mostrar e levar a sério (como real) algo que no fundo é extremamente risível (e “fake”), o que nos ajuda a enxergar o aspecto ridículo e artificial da própria realidade, da sua estrutura social e das máscaras psicológicas que as pessoas usam.

Obviamente, o Spinal Tap não existe nem nunca existiu, a não ser dentro e por causa do filme. Quer dizer, a banda foi realmente formada por pessoas que tocavam os instrumentos e compuseram as canções que aparecem na tela. Assim, uma experiência complementar ao filme e dentro do seu espírito é ouvir a “trilha sonora”. Como banda de rock and roll, o Spinal Tap é a carnavalização (o exagero típico) do hard-rock “farofa”, que fez muito sucesso nos anos 80 (ouça-se e veja-se Twisted Sister, Whitesnake e similares). As letras das músicas são propositalmente estúpidas, pseudo-poéticas, non-sense.

Tudo isso nos leva a crer que o Spinal Tap esteja na gênese de uma outra banda de “mock and roll”, que ganhou sua fama entre adolescentes brasileiros dos últimos anos, em relação aos quais eu tenho lá minhas dúvidas se percebem o caráter de “tiração de sarro” do grupo – alguns fãs parecem levar a sério, adorar e encarnar para si mesmos o papel ridículo que a banda exerce como sátira. Trata-se do incrível Massacration, inventado pelos comediantes do “Hermes e Renato”, da MTV. Enquanto o Spinal Tap possui em sua discografia álbuns com nomes, capas e conceitos hilários como “Smell the Glove” e “IntraVenus deMilo”, o Massacration atingiu a glória com “Gates of Metal Fried Chicken of Hell”.

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