Surfe no Havaí (“North Shore”, EUA, 1987, dir.: William Phelps) é um clássico da sessão da tarde. Este pequeno e gostoso filme conta a história de Rick Kane, recém-saído da “High School”, que acaba de vencer o campeonato de surfe do Arizona (!) – que, obviamente, fora realizado numa piscina de ondas artificiais. Achando-se um grande surfista, Rick decide aproveitar as férias de verão e o prêmio em dinheiro recebido em uma viagem para o Havaí, para pegar “altas ondas”. Aqui já temos um tema muito comum em filmes sobre adolescentes norte-americanos: a grande viagem após terminar a escola e antes de ir para a Universidade, viagem que funciona como uma peregrinação individual de reflexão, descoberta interior e descoberta do mundo, uma espécie de rito de passagem que os tornará mais aptos a entrarem para o mundo adulto das colleges.
No caso do jovem Kane, nesta viagem também entra um dilema muito comum: investir no próprio sonho, ambicioso, louco e arriscado, ou acomodar-se num trabalho “normal”, numa vida “normal” e com bastante “segurança”? Antes de ir para a faculdade em Nova York, para estudar artes (ele desenha muito bem), Rick Kane prefere dar mais uma chance ao surfe. Como ele mesmo diz, para depois não se tornar uma daqueles velhos barrigudos que ficam assistindo a competições de surfe pela TV e dizendo: “eu era bom nisso!...” Contudo, assim que chega no Havaí, terra do surfe, o pobre Rick descobre que não entende nada de surfe nem de surfistas. O ingênuo rapaz do deserto é passado para trás por todo mundo, é roubado, cai em “pegadinhas”, quase morre ao tentar pegar as ondas grandes. Ele é o estereótipo do Haole – o turista, o otário.
Mas, de acordo com o bom espírito americano (ainda mais nos anos 80, com toda aquela cultura yuppie), ele não desiste. Continua batalhando e consegue fazer algumas amizades: com a caridosa nativa Kiani (que será o seu par romântico), com o surfista “doidão” Tartaruga e, principalmente, com Chandler – o mais respeitado artesão de pranchas de surfe do lugar, que se tornará o seu mestre e guru nos mistérios do mar e do esporte sobre as ondas. Chandler (obviamente, um homem mais velho) ensinará o jovem Kane tudo sobre a arte e a cultura do surfe, de acordo com uma mentalidade quase taoísta: é preciso compreender, respeitar e amar o mar, o bom surfista é aquele que sente a onda e vai com ela, sem impor suas próprias manobras violentas a todo custo. O bom surfista é um “surfista de alma”. Mas, infelizmente, só se encontram surfistas assim dentre os mais velhos, daqueles que usam “pranchões”.
Desse modo, Chandler é um tipo de Senhor Miyagi (ou Mestre Yoda) do surfe, e Rick Kane é um “Karatê Kid” das ondas. Um filme assim, só mesmo nos saudosos anos 80. O final não se conta, mas ele procura conciliar essa mentalidade “zen” oriental, desencanada, com a mentalidade ocidental do “ o importante é ser winner, e não looser” – também de uma maneira bem norte-americana. Enfim, por que este filme é interessante? Pelo roteiro pretensioso, mas sincero, bem construído e amarrado, trabalhando ideais e valores diversificados e pertinentes que dão um bom debate, de um modo naïf (com aquela leveza e ingenuidade que caracteriza os filmes juvenis da “sessão da tarde”). Pela boa caracterização das personagens (também de acordo com os padrões acima) e pelas belas imagens de surfe, que deixam qualquer um com vontade de se tornar “surfista de fim-de-semana” – contrariando logicamente a mensagem do filme.
No caso do jovem Kane, nesta viagem também entra um dilema muito comum: investir no próprio sonho, ambicioso, louco e arriscado, ou acomodar-se num trabalho “normal”, numa vida “normal” e com bastante “segurança”? Antes de ir para a faculdade em Nova York, para estudar artes (ele desenha muito bem), Rick Kane prefere dar mais uma chance ao surfe. Como ele mesmo diz, para depois não se tornar uma daqueles velhos barrigudos que ficam assistindo a competições de surfe pela TV e dizendo: “eu era bom nisso!...” Contudo, assim que chega no Havaí, terra do surfe, o pobre Rick descobre que não entende nada de surfe nem de surfistas. O ingênuo rapaz do deserto é passado para trás por todo mundo, é roubado, cai em “pegadinhas”, quase morre ao tentar pegar as ondas grandes. Ele é o estereótipo do Haole – o turista, o otário.
Mas, de acordo com o bom espírito americano (ainda mais nos anos 80, com toda aquela cultura yuppie), ele não desiste. Continua batalhando e consegue fazer algumas amizades: com a caridosa nativa Kiani (que será o seu par romântico), com o surfista “doidão” Tartaruga e, principalmente, com Chandler – o mais respeitado artesão de pranchas de surfe do lugar, que se tornará o seu mestre e guru nos mistérios do mar e do esporte sobre as ondas. Chandler (obviamente, um homem mais velho) ensinará o jovem Kane tudo sobre a arte e a cultura do surfe, de acordo com uma mentalidade quase taoísta: é preciso compreender, respeitar e amar o mar, o bom surfista é aquele que sente a onda e vai com ela, sem impor suas próprias manobras violentas a todo custo. O bom surfista é um “surfista de alma”. Mas, infelizmente, só se encontram surfistas assim dentre os mais velhos, daqueles que usam “pranchões”.
Desse modo, Chandler é um tipo de Senhor Miyagi (ou Mestre Yoda) do surfe, e Rick Kane é um “Karatê Kid” das ondas. Um filme assim, só mesmo nos saudosos anos 80. O final não se conta, mas ele procura conciliar essa mentalidade “zen” oriental, desencanada, com a mentalidade ocidental do “ o importante é ser winner, e não looser” – também de uma maneira bem norte-americana. Enfim, por que este filme é interessante? Pelo roteiro pretensioso, mas sincero, bem construído e amarrado, trabalhando ideais e valores diversificados e pertinentes que dão um bom debate, de um modo naïf (com aquela leveza e ingenuidade que caracteriza os filmes juvenis da “sessão da tarde”). Pela boa caracterização das personagens (também de acordo com os padrões acima) e pelas belas imagens de surfe, que deixam qualquer um com vontade de se tornar “surfista de fim-de-semana” – contrariando logicamente a mensagem do filme.
2 comentários:
Patrick Swayze na época em q ainda era promessa, e não o esquecido de hj!
http://blogcinefilia.zip.net
cara, você ia gsoatr de um post que coloquei lçá no blog a uma semana atrás, só relembrando as sessões da tarde clássicas da Globo - esse com certeza é um dos maiores clássico sdo horário. Que massa!
falow!
Postar um comentário