Erro de português
Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.
Oswald de Andrade
O gênero do "poema-piada" é algo bastante divertido na literatura do modernismo. No cinema, algumas produções levam-nos à tentação de adotar a classificação de "filme-piada". Os mockumentaries (falsos documentários satíricos) são, logicamente, os mais aptos a entrar neste rol; não obstante, a galhardia e fanfarronice de um Quentin Tarantino (verdadeiro traquinas) nos presenteou com estes Bastardos Inglórios.
O filme não se perde tanto no jogo de referências, citações e homenagens, coladas umas por cima das outras de maneira um tanto quanto frívola como em Kill Bill – apesar de estar claramente anos-luz atrás dos clássicos sarcásticos da II Guerra Mundial como Fugindo do Inferno (1963). O mérito de "Inglorious Basterds" é nos fazer pensar que a barbárie é algo tão absurdo, mas tão absurdo, MAS TÃO ABSURDO,
que a única resposta possível a ela é uma resposta dotada de um absurdo tão intenso quanto, mas que se faça diametralmente oposto a ela quanto ao posicionamento ideológico – é claro. E, além do mais, o filme é muitíssimo divertido e engraçado – e isso não precisa ter razão alguma. Com isso, Tarantino acerta com o mesmo tiro dois alvos distantes um do outro: é divertido ver Bastardos Inglórios e é divertido ver a derrocada "alternativa" do nazismo que o filme propõe.
Aqui, o diretor chega ao auge da catarse provocada em relação a uma violência sádica mas justiceira, coisa a que ele já se propunha desde Pulp Fiction. Nos filmes de Tarantino, os mais violentados são aqueles que mais "merecem" – pode apostar. Em tempos de Tropa de Elite, isso funciona muito bem com o público geral. E como as suas películas não se apresentam mais do que como "pulp fictions" (ficções baratas como as histórias em quadrinhos),
não podemos nem acusar o cineasta de estar defendendo posicionamentos sócio / políticos polêmicos. Pior mesmo são aqueles diretores que fazem filmes "de tese" – como o Lars Von Trier que discutinos aqui ontem. "Cine-gibi" (não o da turma da Mônica): eis o cinema tarantinesco. A fala "Au revoir, Shosanna!" já virou bordão na boca dos mais descolados. Então tá.
Oswald de Andrade
O gênero do "poema-piada" é algo bastante divertido na literatura do modernismo. No cinema, algumas produções levam-nos à tentação de adotar a classificação de "filme-piada". Os mockumentaries (falsos documentários satíricos) são, logicamente, os mais aptos a entrar neste rol; não obstante, a galhardia e fanfarronice de um Quentin Tarantino (verdadeiro traquinas) nos presenteou com estes Bastardos Inglórios.
O filme não se perde tanto no jogo de referências, citações e homenagens, coladas umas por cima das outras de maneira um tanto quanto frívola como em Kill Bill – apesar de estar claramente anos-luz atrás dos clássicos sarcásticos da II Guerra Mundial como Fugindo do Inferno (1963). O mérito de "Inglorious Basterds" é nos fazer pensar que a barbárie é algo tão absurdo, mas tão absurdo, MAS TÃO ABSURDO,
que a única resposta possível a ela é uma resposta dotada de um absurdo tão intenso quanto, mas que se faça diametralmente oposto a ela quanto ao posicionamento ideológico – é claro. E, além do mais, o filme é muitíssimo divertido e engraçado – e isso não precisa ter razão alguma. Com isso, Tarantino acerta com o mesmo tiro dois alvos distantes um do outro: é divertido ver Bastardos Inglórios e é divertido ver a derrocada "alternativa" do nazismo que o filme propõe.
Aqui, o diretor chega ao auge da catarse provocada em relação a uma violência sádica mas justiceira, coisa a que ele já se propunha desde Pulp Fiction. Nos filmes de Tarantino, os mais violentados são aqueles que mais "merecem" – pode apostar. Em tempos de Tropa de Elite, isso funciona muito bem com o público geral. E como as suas películas não se apresentam mais do que como "pulp fictions" (ficções baratas como as histórias em quadrinhos),
não podemos nem acusar o cineasta de estar defendendo posicionamentos sócio / políticos polêmicos. Pior mesmo são aqueles diretores que fazem filmes "de tese" – como o Lars Von Trier que discutinos aqui ontem. "Cine-gibi" (não o da turma da Mônica): eis o cinema tarantinesco. A fala "Au revoir, Shosanna!" já virou bordão na boca dos mais descolados. Então tá.
2 comentários:
Gostei muito do texto. Estudei sobre este poema e tua lembrança dele foi muito oportuna para com a tese de teu texto. É bem o que penso acerca desta obra-prima.
Veja "Primavera para Hitler" e "História do Mundo - parte 1", ambos de Mel Brooks. São ótimos enquanto sátira de coisas sérias como o nazismo ou a inquisição espanhola...
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