Filme exibido na 32ª Mostra de Cinema de São Paulo.
Sonata de Tóquio (Japão, 2008, dir.: Kiyoshi Kurosawa) é um filme belo como só o cinema oriental. O rigor e o equilíbrio da mise em scène faz com que cada imagem seja um acorde, ecoando em harmonias sutis com as outras imagens. Os movimentos dentro do quadro, principalmente os movimentos e gestos das personagens, compõem linhas de força – com os movimentos de outros personagens ou com as linhas do próprio cenário – que nos remetem imediatamente à pintura, mas ao pictórico oriental. Ou uma coreografia, mas uma coreografia de balé oriental. Algo sempre muito calmo, sereno, disciplinado; apesar disso, leve, despretensioso, espontâneo, sem parecer excessivamente calculado, racionalizado e controlado. Quem, no ocidente, consegue atingir tais efeitos?
Junte-se a beleza serena da forma com a beleza serena do conteúdo. O carinho do diretor em relação aos personagens e à sua (em que medida trágica?) história será o maior efeito – e o efeito final – que este filme exercerá no espectador. O filme trata de assuntos contemporâneos e graves, mas está bem longe de ser um daqueles tratados sociológicos do “mundo cão” ocidental. Sonata de Tóquio está mais para Zavattini do que para Zola. Ou seja, é uma obra sensível e condescendente ao gênero humano. A própria “sonata” do título já vai sugerindo a atmosfera deste pequeno poema em prosa. A história é a de um pai de família que perde o emprego de anos e anos numa grande companhia – dentro da “política” do “downsizing”.
O homem, aos 46 anos de idade, esconde da mulher (e dos filhos) que está desempregado, e finge sair para trabalhar, todos os dias, enquanto procura uma nova colocação. Enquanto isso, o filho mais velho pretende se alistar no exército norte-americano, e o filho mais novo começa a tomar aulas de piano usando (ilicitamente) o dinheiro que a mãe lhe dá para a merenda escolar. Vão surgindo outros personagens, conhecidos e desconhecidos, compondo um painel realista e pouco animador do Japão no mundo globalizado. Mas repito: a mera denúncia do “lado ruim” da realidade não é a maior das preocupações do diretor. O filme vai muito além (graças a Deus!). É a primeira vez que vemos na mostra o cinema de Kiyoshi Kurosawa (o qual não tem qualquer relação de parentesco com o seu homônimo mais famoso, o Akira). Queremos mais.
Sonata de Tóquio (Japão, 2008, dir.: Kiyoshi Kurosawa) é um filme belo como só o cinema oriental. O rigor e o equilíbrio da mise em scène faz com que cada imagem seja um acorde, ecoando em harmonias sutis com as outras imagens. Os movimentos dentro do quadro, principalmente os movimentos e gestos das personagens, compõem linhas de força – com os movimentos de outros personagens ou com as linhas do próprio cenário – que nos remetem imediatamente à pintura, mas ao pictórico oriental. Ou uma coreografia, mas uma coreografia de balé oriental. Algo sempre muito calmo, sereno, disciplinado; apesar disso, leve, despretensioso, espontâneo, sem parecer excessivamente calculado, racionalizado e controlado. Quem, no ocidente, consegue atingir tais efeitos?
Junte-se a beleza serena da forma com a beleza serena do conteúdo. O carinho do diretor em relação aos personagens e à sua (em que medida trágica?) história será o maior efeito – e o efeito final – que este filme exercerá no espectador. O filme trata de assuntos contemporâneos e graves, mas está bem longe de ser um daqueles tratados sociológicos do “mundo cão” ocidental. Sonata de Tóquio está mais para Zavattini do que para Zola. Ou seja, é uma obra sensível e condescendente ao gênero humano. A própria “sonata” do título já vai sugerindo a atmosfera deste pequeno poema em prosa. A história é a de um pai de família que perde o emprego de anos e anos numa grande companhia – dentro da “política” do “downsizing”.
O homem, aos 46 anos de idade, esconde da mulher (e dos filhos) que está desempregado, e finge sair para trabalhar, todos os dias, enquanto procura uma nova colocação. Enquanto isso, o filho mais velho pretende se alistar no exército norte-americano, e o filho mais novo começa a tomar aulas de piano usando (ilicitamente) o dinheiro que a mãe lhe dá para a merenda escolar. Vão surgindo outros personagens, conhecidos e desconhecidos, compondo um painel realista e pouco animador do Japão no mundo globalizado. Mas repito: a mera denúncia do “lado ruim” da realidade não é a maior das preocupações do diretor. O filme vai muito além (graças a Deus!). É a primeira vez que vemos na mostra o cinema de Kiyoshi Kurosawa (o qual não tem qualquer relação de parentesco com o seu homônimo mais famoso, o Akira). Queremos mais.
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