A visão da barbárie é sempre perturbadora. Por melhor que conheçamos tanto os muitos exemplos históricos da barbárie quanto os não menos copiosos discursos que a denunciem, a cada vez que testemunhamos (na “realidade” ou na “ficção”) algum ato de extrema ignorância associada à extrema crueldade parece que estamos (re)vivenciando o verdadeiro pecado original. E o cinema é um veículo particularmente privilegiado para tais experiências.
No entanto, o próprio tecido da realidade captada com tanta competência pelo cinematógrafo pode não ser apreendido pelo espectador como o real em si. Isso porque nossa visão excessivamente ideologizada do que chamamos de realidade nos impede, muitas vezes, de ver a coisa em si; acabamos enxergando nada mais do que figurações dos nossos (pre)conceitos. É aí que o cinema deverá tomar as armas da Literatura. É só através do inesgotável poder da sugestão que a sétima arte atingirá sua maior expressividade.
Assim, demos vivas à criatividade que busca sempre o mais inusitado, à fabulação, à literatura fantástica e ao realismo mágico como fontes de filmes que, ao “fantasiar”, conseguem nada menos do que desnudar o real das fantasias perversas que nós mesmos inventamos. É justamente essa a função da arte: a sublimação da vida para melhor favorecer a própria vida. Isso explica o porquê de usar extraterrestres para mostrar o apartheid na África do Sul.
Em tempos de globalização e aquecimento global, o etnocentrismo já não é – quem sabe – o maior dos nossos problemas. É preciso criticar os próprios conceitos de “antropocentrismo” que adotamos. Filmes como O Dia Em Que A Terra Parou (2008, mas cuja versão original é de 1951) e Fim dos Tempos (2008) já vão investindo nessa linha. Mas é Distrito 9 (2009) que realmente promete. A ficção científica já trabalhou bastante tanto com ETs maldosos quanto com os bonzinhos, mas ainda é raro vermos a própria humanidade colocada como a espécie hostil.
Além dos exemplos já citados, ocorrem ainda o de Tropas Estelares (1997) e o da série de TV Alien Nation (1989). Quem se lembrar de outros, por favor comunique-se. Agora, palmas para Peter Jackson (mais uma vez) – o produtor; e também para Neill Blomkamp – o estreante diretor e um dos roteiristas. Não só graças ao talento, mas também graças à bagagem cinematográfica e literária, consegue-se através de um filme de gênero mostrar e discutir melhor o mundo contemporâneo do que filmes “cabeça” e “experimentais” do tipo de Babel (2006).
No entanto, o próprio tecido da realidade captada com tanta competência pelo cinematógrafo pode não ser apreendido pelo espectador como o real em si. Isso porque nossa visão excessivamente ideologizada do que chamamos de realidade nos impede, muitas vezes, de ver a coisa em si; acabamos enxergando nada mais do que figurações dos nossos (pre)conceitos. É aí que o cinema deverá tomar as armas da Literatura. É só através do inesgotável poder da sugestão que a sétima arte atingirá sua maior expressividade.
Assim, demos vivas à criatividade que busca sempre o mais inusitado, à fabulação, à literatura fantástica e ao realismo mágico como fontes de filmes que, ao “fantasiar”, conseguem nada menos do que desnudar o real das fantasias perversas que nós mesmos inventamos. É justamente essa a função da arte: a sublimação da vida para melhor favorecer a própria vida. Isso explica o porquê de usar extraterrestres para mostrar o apartheid na África do Sul.
Em tempos de globalização e aquecimento global, o etnocentrismo já não é – quem sabe – o maior dos nossos problemas. É preciso criticar os próprios conceitos de “antropocentrismo” que adotamos. Filmes como O Dia Em Que A Terra Parou (2008, mas cuja versão original é de 1951) e Fim dos Tempos (2008) já vão investindo nessa linha. Mas é Distrito 9 (2009) que realmente promete. A ficção científica já trabalhou bastante tanto com ETs maldosos quanto com os bonzinhos, mas ainda é raro vermos a própria humanidade colocada como a espécie hostil.
Além dos exemplos já citados, ocorrem ainda o de Tropas Estelares (1997) e o da série de TV Alien Nation (1989). Quem se lembrar de outros, por favor comunique-se. Agora, palmas para Peter Jackson (mais uma vez) – o produtor; e também para Neill Blomkamp – o estreante diretor e um dos roteiristas. Não só graças ao talento, mas também graças à bagagem cinematográfica e literária, consegue-se através de um filme de gênero mostrar e discutir melhor o mundo contemporâneo do que filmes “cabeça” e “experimentais” do tipo de Babel (2006).