A melhor fonte de estudos para a arte do Romantismo é o Curso de Estética: O Belo na Arte, clássico do filósofo alemão G. W. F. Hegel (1770-1831). Analisando a revolução romântica no quente do momento, Hegel cruza as suas linhas em três vértices: amor, honra, lealdade. O foco central na dimensão do indivíduo – que caracteriza a mentalidade romântica – realiza-se segundo esses três valores que mais definem a sua identidade, o seu universo (íntimo). O indivíduo se realiza no amor (não há individualidade sem amor); a honra do indivíduo é algo (ou precisa ser) simplesmente inquebrantável, honra essa que perpassa não só a esfera da intimidade subjetiva, mas também as relações amorosas e de lealdade; o indivíduo como que estende o lençol de seu espírito sobre aqueles (ou às coisas) aos quais ele é leal – ou que lhe têm lealdade.
Honra, amor e lealdade é o que mais aparecerá na literatura romântica e o que mais aparecerá também no cinema do western. Os grandes faroestes (Ford, Mann, Hawks e o western spagetti) são obras filiadas de perto ao Romantismo, não apenas pela questão da epopéia de indivíduos que desbravam e conquistam novas e desconhecidas terras, mas pela questão filosófica mesmo de homens que tentam imprimir seu espírito e sua vontade num ambiente (semi) selvagem. As intrigas das fitas de bangue-bangue sempre envolvem de maneira muito clara e enfática o amor, a honra, ou a lealdade – às vezes, uma mistura explosiva entre todas.
O que se tem em Appaloosa (EUA, 2008, dir.: Ed Harris) é mais do que um epígono dos grandes mestres do gênero; a fita de Ed Harris soa como uma profissão de fé. Sua graça está em ser um filme que é diferente por ser igual a coisas que são diferentes do que se faz hoje. E a filiação aqui não é subserviente ou frívola como nos filmes de Quentin Tarantino. Ed Harris já é um homem (bem) maduro, sua direção lembra a classe e a serenidade de Clint Eastwood. É sempre importante lembrar que películas como Appaloosa ou Os Imperdoáveis (1992) não são nenhumas “reinvenções” de gênero. São produtos saudosos, mas de um saudosismo que ainda mantém a fibra da inspiração capaz de apontar caminhos futuros – dentre os quais, então, poder-se-á encontrar alguma reinvenção.
A tradição da honra, amor e lealdade, em Appaloosa, gira em torno do “triângulo” formado pelos personagens de Ed Harris, Viggo Mortensen e Renée Zellweger. O vilão da história, Jeremy Irons, no final das contas trabalhará mais como elemento estruturador do que desestruturador das relações e das situações. A função “orgânica” do elemento do “mal” é uma solução narrativa que mostra grande maturidade e ambição por parte do roteiro. Contudo, o que será mais interessante aqui é aquela espécie de “marca” que todo faroeste procura fixar no espírito do espectador, representada por uma cena, um personagem, um lugar, etc. Em Appaloosa, temos o fantástico personagem de Mortensen, filiado à tradição do herói solitário de John Wayne em Rastros de Ódio (1956) e O Homem Que Matou O Fascínora (1962).
Honra, amor e lealdade é o que mais aparecerá na literatura romântica e o que mais aparecerá também no cinema do western. Os grandes faroestes (Ford, Mann, Hawks e o western spagetti) são obras filiadas de perto ao Romantismo, não apenas pela questão da epopéia de indivíduos que desbravam e conquistam novas e desconhecidas terras, mas pela questão filosófica mesmo de homens que tentam imprimir seu espírito e sua vontade num ambiente (semi) selvagem. As intrigas das fitas de bangue-bangue sempre envolvem de maneira muito clara e enfática o amor, a honra, ou a lealdade – às vezes, uma mistura explosiva entre todas.
O que se tem em Appaloosa (EUA, 2008, dir.: Ed Harris) é mais do que um epígono dos grandes mestres do gênero; a fita de Ed Harris soa como uma profissão de fé. Sua graça está em ser um filme que é diferente por ser igual a coisas que são diferentes do que se faz hoje. E a filiação aqui não é subserviente ou frívola como nos filmes de Quentin Tarantino. Ed Harris já é um homem (bem) maduro, sua direção lembra a classe e a serenidade de Clint Eastwood. É sempre importante lembrar que películas como Appaloosa ou Os Imperdoáveis (1992) não são nenhumas “reinvenções” de gênero. São produtos saudosos, mas de um saudosismo que ainda mantém a fibra da inspiração capaz de apontar caminhos futuros – dentre os quais, então, poder-se-á encontrar alguma reinvenção.
A tradição da honra, amor e lealdade, em Appaloosa, gira em torno do “triângulo” formado pelos personagens de Ed Harris, Viggo Mortensen e Renée Zellweger. O vilão da história, Jeremy Irons, no final das contas trabalhará mais como elemento estruturador do que desestruturador das relações e das situações. A função “orgânica” do elemento do “mal” é uma solução narrativa que mostra grande maturidade e ambição por parte do roteiro. Contudo, o que será mais interessante aqui é aquela espécie de “marca” que todo faroeste procura fixar no espírito do espectador, representada por uma cena, um personagem, um lugar, etc. Em Appaloosa, temos o fantástico personagem de Mortensen, filiado à tradição do herói solitário de John Wayne em Rastros de Ódio (1956) e O Homem Que Matou O Fascínora (1962).