Filme exibido na 32ª Mostra de Cinema de São Paulo.
Choke (EUA, 2008, dir.: Clark Gregg) é um daqueles filmes deliciosamente bizarros do cinema “independente” norte-americano que só fazem sentido em relação ao contexto cultural do país dividido entre as costas (“east” e “west”) cosmopolitas e o “bible belt” (o cinturão da bíblia: a América profunda). Quanto ao nosso velho Brasil, um personagem “apenas” viciado em sexo com mulheres que ele conhece casualmente parecerá mais um herói do que uma anomia social (Macunaíma gosta é de “brincar”). Talvez, se se tratasse de um indivíduo das classes populares (digamos, um empregado de “pet shop”) que fosse viciado em sexo com cachorrinhos de madames, aí teríamos algo mais ao nosso gosto nacional.
Mesmo assim, Choke não deixa de ser um filme bastante engraçado, ainda mais se o virmos com esse olhar de superioridade que o “libertino” tem em relação a uma cultura reprimida, recalcada, sublimada, neurótica, eventualmente psicótica. Alguns de nós até poderão ficar um pouco escandalizados com a sátira religiosa que o filme tenta; mas esta, assim como todos os outros elementos “imorais” da história, no fundo servem a uma “moral da história”, posto que mais democrática, humanista, individualista. Mesmo assim, moral. Questão de princípios. É a “moral” das sessões de psicoterapia, dos livros de auto-ajuda, daqueles cursos que ensinam a “viver” (bem), das novas espiritualidades e religiosidades da “nova era”.
Se esses são valores criticáveis ou não (e em que medida), isso é uma outra história; mas tais idéias formam um retrato bastante comum e abrangente da nossa sociedade (inclusive a brasileira). “O sucesso é ser feliz”: eis a chave de Choke. O filme conta as aventuras picarescas de Victor Mancini (o sempre irreverente Sam Rockwell), ex-estudante de medicina que trabalha num ridículo parque temático e que tem desenvolvido um curioso sistema para pagar as contas do hospital psiquiátrico no qual está internada a mãe doente: ele vai a restaurantes e provoca engasgamentos (“choke”) em si próprio, esperando ser salvo por almas caridosas que, após o ocorrido, lhe darão carinho, atenção e – sobretudo – dinheiro.
E Victor ainda encontra tempo para freqüentar sessões do AA do sexo (dependentes de sexo anônimos), junto com o seu melhor amigo, Denny – viciado em masturbação. No hospital da mãe, Victor conhecerá uma médica que lhe revelará a verdade sobre o seu pai (Victor nunca conhecera o progenitor); é aí que ele vai se “engasgar” de verdade... O diretor, Glark Gregg, é um daqueles rostos que sempre vemos por aí, em seriados e filmes, mas nunca sabemos quem é; como ator, ele trabalhou recentemente em The New Adventures of Old Christine (TV) e Homem de Ferro. Choke é seu primeiro filme como diretor, assinando também o roteiro, que se baseia num romance de Chuck Palahniuk – autor de uma outra obra bizarra que virou filme: “O Clube da Luta”.
Choke (EUA, 2008, dir.: Clark Gregg) é um daqueles filmes deliciosamente bizarros do cinema “independente” norte-americano que só fazem sentido em relação ao contexto cultural do país dividido entre as costas (“east” e “west”) cosmopolitas e o “bible belt” (o cinturão da bíblia: a América profunda). Quanto ao nosso velho Brasil, um personagem “apenas” viciado em sexo com mulheres que ele conhece casualmente parecerá mais um herói do que uma anomia social (Macunaíma gosta é de “brincar”). Talvez, se se tratasse de um indivíduo das classes populares (digamos, um empregado de “pet shop”) que fosse viciado em sexo com cachorrinhos de madames, aí teríamos algo mais ao nosso gosto nacional.
Mesmo assim, Choke não deixa de ser um filme bastante engraçado, ainda mais se o virmos com esse olhar de superioridade que o “libertino” tem em relação a uma cultura reprimida, recalcada, sublimada, neurótica, eventualmente psicótica. Alguns de nós até poderão ficar um pouco escandalizados com a sátira religiosa que o filme tenta; mas esta, assim como todos os outros elementos “imorais” da história, no fundo servem a uma “moral da história”, posto que mais democrática, humanista, individualista. Mesmo assim, moral. Questão de princípios. É a “moral” das sessões de psicoterapia, dos livros de auto-ajuda, daqueles cursos que ensinam a “viver” (bem), das novas espiritualidades e religiosidades da “nova era”.
Se esses são valores criticáveis ou não (e em que medida), isso é uma outra história; mas tais idéias formam um retrato bastante comum e abrangente da nossa sociedade (inclusive a brasileira). “O sucesso é ser feliz”: eis a chave de Choke. O filme conta as aventuras picarescas de Victor Mancini (o sempre irreverente Sam Rockwell), ex-estudante de medicina que trabalha num ridículo parque temático e que tem desenvolvido um curioso sistema para pagar as contas do hospital psiquiátrico no qual está internada a mãe doente: ele vai a restaurantes e provoca engasgamentos (“choke”) em si próprio, esperando ser salvo por almas caridosas que, após o ocorrido, lhe darão carinho, atenção e – sobretudo – dinheiro.
E Victor ainda encontra tempo para freqüentar sessões do AA do sexo (dependentes de sexo anônimos), junto com o seu melhor amigo, Denny – viciado em masturbação. No hospital da mãe, Victor conhecerá uma médica que lhe revelará a verdade sobre o seu pai (Victor nunca conhecera o progenitor); é aí que ele vai se “engasgar” de verdade... O diretor, Glark Gregg, é um daqueles rostos que sempre vemos por aí, em seriados e filmes, mas nunca sabemos quem é; como ator, ele trabalhou recentemente em The New Adventures of Old Christine (TV) e Homem de Ferro. Choke é seu primeiro filme como diretor, assinando também o roteiro, que se baseia num romance de Chuck Palahniuk – autor de uma outra obra bizarra que virou filme: “O Clube da Luta”.
Sim! Deliciosamente estranho e deliciosamente precioso. Adorei Choke.
ResponderExcluirFilme inusitado... Adoro!
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