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terça-feira, agosto 26, 2008

The Clone Wars


A saga Star Wars, de George Lucas, foi pensada e construída com a colaboração do famoso mitólogo norte-americano Joseph Campbell (pelo menos um de seus livros, “O Poder do Mito”, é de leitura obrigatória para qualquer um interessado em cultura humana – existe uma versão em DVD, já que a obra se baseia numa série de entrevistas para a televisão). Na era da indústria cultural, “Guerra nas Estrelas” é o que mais se aproxima de Homero. Contudo, todo o poder do mito está mais concentrado nos seis filmes de longa-metragem live-action que constituem o “básico” da narrativa (a ascensão e queda – e ascensão final – de Anakin Skywalker).

Os capítulos em desenho animado da saga – mais recentes – não apresentam o mesmo conteúdo filosófico; pelo menos, nada muito original ou diferente do que já foi tratado. Mesmo assim, podem apresentar algum – ou muito – interesse para os fãs da série e para espectadores sem preconceitos contra as coisas “infantis” ou de “mero entretenimento”. Primeiramente, foi produzida uma série de 25 animações curtas, e desenhadas “à mão”, para a rede de TV paga Cartoon Network, entre 2003 e 2005, intitulada Clone Wars (que trata dos acontecimentos ocorridos entre o episódio II e o III da série live-action).

Agora, é lançado nos cinemas o longa The Clone Wars, espécie de continuação daquela série (antes que falem das incoerências cronológicas da obra de Lucas, estude-se a natureza diferencial do tempo do mito em qualquer obra séria que analise a mitologia clássica). Em outubro, estreará – mais uma vez no Cartoon Network – uma nova série animada, homônima e também computadorizada, com episódios mais longos (30 minutos cada um), que dará seqüência a este longa, por sua vez. A narrativa deste filme não se apresenta como uma obra fechada e acabada, mas como um capítulo em media res mesmo (o que caracteriza também as partes com atores de “carne e osso”).

Algumas referências míticas e históricas continuam sendo feitas: os traços dos personagens levemente inspirados na pintura egípcia, sem contar o turbante da jovem “padawan” de Anakin, Ahsoka Tano, ou a mistura de colar e ombreira dos soldados clones, também de design faraônico. Também é criativa uma das naves espaciais, que se movimenta como uma água-viva (o desenho de máquinas inspiradas na natureza é algo muito presente na cultura humana). É o encontro entre o extremo passado e o extremo futuro, sendo o tempo em “Star Wars” de natureza mítica (ou seja, sem qualquer referência cronológica em relação ao nosso próprio tempo). O encontro entre o homem e o animal, no cosmo onírico.

5 comentários:

  1. Sinceramente eu tenho preguiça de George Lucas, um verdadeira capitalista que concebeu um obra e se desdobra em cima dela e não sai do lugar, procurando, a qualquer custo, vender seu peixe mofado que teima em se multiplicar. Quando veremos o "gênio" parir algo que não tenha a etiqueta "Star Wars"?

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  2. Bem, ele pariu "THX 1138" (1971) e "American Graffiti" (1973). Lucas também foi o idealizador do personagem Indiana Jones...

    Agora, se tudo isso tem valor ou não, é coisa a se debater...

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  3. OK, "THX 1138" pode ser interessante, mas ñ chega a ser original, afinal, Aldous Huxley e seu Admirável Mundo Novo é inspiração direta (e mais profunda) do longa. "American Graffiti" é divertido, mas alguém aí se lembra de alguma coisa relevante, de verdade, no filme? E convenhamos, Idiana Jones tem muito mais a cara de Spielberg que de Lucas. Sendo que, depois disso, nunca mais vi um filme de Lucas que não tivesse a ver com Star Wars...

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  4. Eu estava em dúvida: Ver ou não Ver, mas após o post, vou levar "os moleques"...

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  5. O que vejo no público do cinema de açao e aventura (que no caso do George Lucas fica evidente) é uma grande falta de senso crítico serio para o cinema e a sua linguagem, quiçá por um público pouco acostumado a ser tratado com respeito pelos cineastas de 'aventuras'. Mas isso não os justifica...

    Parece que o público de Lucas em geral se distrae com o brilho das espadas e as naves irreais fazendo som no espaço e perdem-se no figurino, ou se foram agradados por tal e qual personagem.

    Por exemplo: é difícil alguém mencionar desde que começou a 2º parte da sextologia (1998, "A ameaça fantasma") a importancia constante do contexto político, o paralelo com o Imperio Romano e o Imperio Americano, a constante cita ao código Samurai (muito mais que qualquer coisa egipcia) e ao conflito pai-filho -ou generacional- que se ve desde a criação psicológica de Anakim, que ao perder a noção do seu dever e sucumbir a arrogancia dos seus desejos e paixões pessoais desata a desordem total e sucumbe à sedução oscura do poder: e assim todos perdem com ele. Essa é a base da tragedia toda, depois a contrapartida: a importancia da personagem de Obi Wan e sua evolução ética e de poder pessoal na confrontação com misterios. Depois, personagens como o Conde Dukoon ou Mace Windu, são estupendos agregados e reforços da estoria.

    A 'arrogancia' e a distração dos jedis perante os siths, que é o segredo da sua queda. Na Guerra dos Clones vejo muita coherencia nas personagens (por exemplo: uma aventura construida com inteligencia e sensibilidade, e não sou fan do Lucas. É que não tem nada -ou quase nada- no cinema moderno com tanto assunto trabalhado com imaginação com criterio e inteligencia no contexto do futuro, do misterio do universo e o ser humano.

    Acho que o público de cinema de aventuras quando critica tem os mesmos defeitos (a arrogancia, impulsividade e pretensão sem freios) e virtudes (intuição e sensibilidade, criatividade) que um Skywalker...

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