Bem... vai ser complicado falar desse filme. O IMDB diz que, apesar de não ser tão consistente quanto Martin Scorsese ou Stanley Kubrick, Sidney Lumet é mesmo assim um mestre do cinema. Com certeza, se pensarmos em obras-primas como Serpico (1973) ou Um Dia de Cão (1975). Mas não dá para afastar a sensação de que Antes Que O Diabo Saiba que Você Está Morto (“Before The Devil Knows You’re Dead”, EUA, 2007) é uma obra menor na carreira do cineasta. É claro que, se formos comparar este filme com a produção contemporânea vinda dos EUA, no gênero dos filmes “de crime”, teremos que admitir com a maior felicidade que Antes Que O Diabo... é uma película clássica, com um estilo que sabe equilibrar sobriedade e dinamismo narrativos, coisa que diretores mais jovens dificilmente conseguem (ou querem) fazer.
Entretanto, há um desequilíbrio notável entre este filme e grandes filmes de personagem como os citados acima, realizados pelo diretor (que sabem, aliás, unir muito bem uma narrativa centrada no personagem a uma narrativa com altas doses de ação complexa e trágica). Em Antes Que O Diabo... o que acaba sobressaindo mesmo é a interpretação intensa de Philip Seymour-Hoffman (grande ator). Mas o seu personagem, assim como os outros, não convencem. Quero dizer, eles não são trabalhados da maneira suficiente para criar uma real identificação entre eles e o espectador. Não têm densidade, não têm uma história além da que fica implícita em alguns momentos (o que é ótimo como técnica de sutileza narrativa, mas não contribui muito para o drama, para o efeito de tragédia que o filme parece buscar).
O filme é totalmente centrado na ação, na imagem-movimento, que começa em media res e vai sendo conduzida de modo não-linear. Mas o enredo e os personagens pediriam um pouco mais de imagem-tempo, ou seja, o filme poderia ser um pouco mais lento e focado na pessoa. Chega um momento em que até cansa, pois é muita filmagem em cima de acontecimentos e de suas repercussões factuais, e pouca para as repercussões subjetivas, humanas (embora haja algumas cenas de grande intensidade dramática). No fim das contas, quando o filme termina ficamos com vontade de dizer: “Então tá!...” Os acontecimentos tratados são muito graves para serem mostrados nesse tom quase banal. Sem querer questionar o aspecto moral do final, é apenas mais um dos acontecimentos de graves implicações que são mostrados sem maiores implicações.
Neste aspecto, a estrutura narrativa de Antes Que O Diabo lembra um pouco a da sarabanda do romance picaresco (que narra as aventuras e desventuras de pobres-diabos), mas trocando o matiz cômico, irônico, pelo dramático e trágico. Eis o que parece esquisito. Nesse sentido – para que talvez possa ser dado algum crédito ao filme –, a sua “banalidade” poderia ser interpretada como uma sisuda ironia; mas tão sisuda que seria quase forçar a barra chamar isso de ironia. De qualquer maneira, uma mente maliciosa poderia enxergar um humor muito negro na cena final, que trata do crime (o mais grave do filme inteiro) cometido pelo único personagem (que em princípio seria a vítima) com competência suficiente para cometer um crime com eficácia inquestionável e escapar ileso – ou seja, o crime perfeito. Quantos aos outros, só lhes resta pagar pela tragicomédia dos seus estúpidos erros.
Entretanto, há um desequilíbrio notável entre este filme e grandes filmes de personagem como os citados acima, realizados pelo diretor (que sabem, aliás, unir muito bem uma narrativa centrada no personagem a uma narrativa com altas doses de ação complexa e trágica). Em Antes Que O Diabo... o que acaba sobressaindo mesmo é a interpretação intensa de Philip Seymour-Hoffman (grande ator). Mas o seu personagem, assim como os outros, não convencem. Quero dizer, eles não são trabalhados da maneira suficiente para criar uma real identificação entre eles e o espectador. Não têm densidade, não têm uma história além da que fica implícita em alguns momentos (o que é ótimo como técnica de sutileza narrativa, mas não contribui muito para o drama, para o efeito de tragédia que o filme parece buscar).
O filme é totalmente centrado na ação, na imagem-movimento, que começa em media res e vai sendo conduzida de modo não-linear. Mas o enredo e os personagens pediriam um pouco mais de imagem-tempo, ou seja, o filme poderia ser um pouco mais lento e focado na pessoa. Chega um momento em que até cansa, pois é muita filmagem em cima de acontecimentos e de suas repercussões factuais, e pouca para as repercussões subjetivas, humanas (embora haja algumas cenas de grande intensidade dramática). No fim das contas, quando o filme termina ficamos com vontade de dizer: “Então tá!...” Os acontecimentos tratados são muito graves para serem mostrados nesse tom quase banal. Sem querer questionar o aspecto moral do final, é apenas mais um dos acontecimentos de graves implicações que são mostrados sem maiores implicações.
Neste aspecto, a estrutura narrativa de Antes Que O Diabo lembra um pouco a da sarabanda do romance picaresco (que narra as aventuras e desventuras de pobres-diabos), mas trocando o matiz cômico, irônico, pelo dramático e trágico. Eis o que parece esquisito. Nesse sentido – para que talvez possa ser dado algum crédito ao filme –, a sua “banalidade” poderia ser interpretada como uma sisuda ironia; mas tão sisuda que seria quase forçar a barra chamar isso de ironia. De qualquer maneira, uma mente maliciosa poderia enxergar um humor muito negro na cena final, que trata do crime (o mais grave do filme inteiro) cometido pelo único personagem (que em princípio seria a vítima) com competência suficiente para cometer um crime com eficácia inquestionável e escapar ileso – ou seja, o crime perfeito. Quantos aos outros, só lhes resta pagar pela tragicomédia dos seus estúpidos erros.
Quero conferir esse filme, tenho boas expectativas para ele, gosto do elenco e do enredo.
ResponderExcluirLinkei seu blog como favorito!
Beijos
Quero muito ver esse filme! Parece ser excelente! Adoro Lumet e o elenco é excelente.
ResponderExcluirCiao!
O filme vale a pena ser visto, galera! Abraços!
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