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domingo, maio 18, 2008

Bee Movie


Vamos deixar algo bem claro aqui: Jerry Seinfeld não é nenhum gênio. A qualidade e o sucesso da famosa sitcom “sobre o nada” não se devem apenas ao comediante e ator-protagonista cujo sobrenome serviu de título ao programa. Muito – muito mesmo – deve ser creditado ao co-idealizador e roteirista Larry David, ao roteirista Larry Charles (autor de alguns dos mais irreverentes episódios da série, como “The Library” e “The Bubble Boy”) e ao incrível elenco, assim como à sua magnífica interação: Jason Alexander (George Constanza), Michael Richards (Cosmo Kramer), Julia Louis-Dreyfus (Elaine Benes); sem contar Wayne Knight (Newman), Jerry Stiller (Frank Constanza), dentre outros mais.

O fato é que nos tornamos muito acostumados com a canastrice e com os comentários sarcásticos mais ou menos engraçados (“stand up comedy”) que regem as crônicas cotidianas de Jerry Seinfeld. É como aquelas músicas que, de tanto tocar por aí, nós acabamos gostando delas, ainda que em primeiro momento não nos tenham chamado tanta a atenção. Mas faz parte da cultura do cotidiano, não? E quem é que rege a cultura do cotidiano? Isso mesmo, a indústria cultural. Desse modo, dá-lhe Seinfeld! Enfim, todo ele está de volta em Bee Movie (EUA, 2007, dir.: Steve Hickner e Simon J. Smith). Ou melhor, quase todo ele, já que se trata aqui de uma animação em CG, a mais recente dos estúdios da Dreamworks.

Não é preciso dizer que os fãs do comediante vão se deleitar, os indiferentes vão passar “batido” e os detratores acharão aí mais alguns argumentos. A história do jovem Barry Benson, uma abelha que não quer que a sua vida profissional (quer dizer, sua própria vida como um todo) seja determinada pela mega-estrutura do sistema da colméia, poderia ir muito mais longe do que a abelhinha abelhuda vai durante o filme e dar frutos mais doces do que o doce mel, seja enquanto desenho animado infantil ou filme adulto – tendências que, aliás, estão obviamente cada vez mais unidas nesse gênero. Mas... Mesmo assim, a fita é razoavelmente divertida e poderia ser usada numa aula para crianças ou pré-adolescentes em que se apresentassem e discutissem certas questões “sociológicas”.

A grande “verdade curiosa sobre as abelhas”, que se repete neste filme, poderia ser aplicada ao talento e sucesso de Jerry Seinfeld: as abelhas não foram feitas fisicamente para voar – a relação entre as suas asas e a massa corporal não permitiria esse feito. Mesmo assim, elas voam. (Nisto, vai também um elogio ao comediante.) Assim, neste momento, o placar da disputa Disney (associada à Pixar) vs. Dreamworks dá (larga) vantagem à primeira, com Ratatouille (2007). Vamos ver quais serão as próximas jogadas: a Dreamworks já está anunciando para este ano ainda “Kung Fu Panda” e “Madagascar 2”; a Pixar promete “Wall-E” (uma aparente ficção científica futurista). Aguardemos...

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