Esta seqüência mantém as mesmas qualidades do primeiro filme: personagens carismáticos, diálogos afiados, tiradas espertas, espírito de família; esse é o quarteto fantástico. Johnny Storm chega – todo feliz – com o uniforme mais parecendo macacão de piloto de fórmula 1, repleto de adesivos de marcas reais (!) mostrando os novos patrocinadores; sua irmã Sue sai com uma cara de “que absurdo!”; então, o nosso Tocha Humana exclama zombeteiro: “O que você tem contra o capitalismo?” A risada aí rola solta entre a platéia e eu não consigo deixar de me lembrar – com alegria – dos gibis dos X-Táticos (escritos pelo agudo Peter Milligan, que mostravam um grupo de “super-heróis” como golpe publicitário); e também me lembro – com tristeza – da genial idéia do nosso ex-prefeito de São Paulo, José Serra, de afixar “patrocínios” nos uniformes escolares de nossas crianças...
No entanto, há um momento em que o filme bem que poderia ficar sério: quando abate-se sobre o nosso pobre planeta azul a ameaça da aniquilação total, a ser perpetrada pelas mãos do impiedoso Galactus, com a ajuda do Surfista Prateado, o fiel arauto. Ganharíamos muito em dramaticidade se as horrendas preparações que o Surfista faz para a vinda de seu mestre fossem mostradas, em algumas cenas, do ponto de vista da população comum; isso seria particularmente interessante no final do filme, quando o Juízo Final torna-se evidente e (aparentemente) irreversível. Aqui, os roteiristas poderiam ter se inspirado no terceiro volume da maravilhosa série Marvels, publicada nos anos 90, que reconta a história da vinda de Galactus sob o ponto de vista das pessoas comuns, testemunhas passivas de uma verdadeira batalha entre deuses e titãs nos céus acima de suas cabeças.
A violentíssima antítese entre as proporções do ser devorador de mundos e as dos desafortunados porém corajosos terráqueos (dentre eles o quarteto fantástico) por si só já seria belíssima... Na história original, aos apelos do Sr. Fantástico para que poupasse a Terra, Galactus simplesmente joga o seguinte argumento: por um acaso vocês, humanos, atenderiam aos apelos de formigas?... Infelizmente, o filme não alcança tais altitudes. Mesmo assim, a cena que mostra a imensa cratera surgindo no rio Tamisa, no coração de Londres, é impressionante, assim como a perseguição do tocha Humana ao Surfista Prateado, verdadeiro tour de force.
Enfim, as significações alegóricas presentes nos gibis foram deixadas de lado. Nas histórias, Galactus só “consome” planetas cuja civilização tenha chegado em um ponto no qual esgotará inevitavelmente todos os recursos naturais, causando, junto com a poluição, o fim de si mesma – quiçá do planeta como um todo. Alguns fãs mais xiitas podem reclamar de Galactus não ser mostrado em sua forma original (que vem dos anos 60): um robô gigantesco, ou homem numa armadura robótica. Mas isso, em nossos dias, no cinema ainda por cima, ficaria meio ridículo, não? Convenhamos... A solução neste filme é ótima: Galactus é uma força animada da natureza, de proporções absolutamente gigantescas e de modo algum antropomórfica.
No entanto, há um momento em que o filme bem que poderia ficar sério: quando abate-se sobre o nosso pobre planeta azul a ameaça da aniquilação total, a ser perpetrada pelas mãos do impiedoso Galactus, com a ajuda do Surfista Prateado, o fiel arauto. Ganharíamos muito em dramaticidade se as horrendas preparações que o Surfista faz para a vinda de seu mestre fossem mostradas, em algumas cenas, do ponto de vista da população comum; isso seria particularmente interessante no final do filme, quando o Juízo Final torna-se evidente e (aparentemente) irreversível. Aqui, os roteiristas poderiam ter se inspirado no terceiro volume da maravilhosa série Marvels, publicada nos anos 90, que reconta a história da vinda de Galactus sob o ponto de vista das pessoas comuns, testemunhas passivas de uma verdadeira batalha entre deuses e titãs nos céus acima de suas cabeças.
A violentíssima antítese entre as proporções do ser devorador de mundos e as dos desafortunados porém corajosos terráqueos (dentre eles o quarteto fantástico) por si só já seria belíssima... Na história original, aos apelos do Sr. Fantástico para que poupasse a Terra, Galactus simplesmente joga o seguinte argumento: por um acaso vocês, humanos, atenderiam aos apelos de formigas?... Infelizmente, o filme não alcança tais altitudes. Mesmo assim, a cena que mostra a imensa cratera surgindo no rio Tamisa, no coração de Londres, é impressionante, assim como a perseguição do tocha Humana ao Surfista Prateado, verdadeiro tour de force.
Enfim, as significações alegóricas presentes nos gibis foram deixadas de lado. Nas histórias, Galactus só “consome” planetas cuja civilização tenha chegado em um ponto no qual esgotará inevitavelmente todos os recursos naturais, causando, junto com a poluição, o fim de si mesma – quiçá do planeta como um todo. Alguns fãs mais xiitas podem reclamar de Galactus não ser mostrado em sua forma original (que vem dos anos 60): um robô gigantesco, ou homem numa armadura robótica. Mas isso, em nossos dias, no cinema ainda por cima, ficaria meio ridículo, não? Convenhamos... A solução neste filme é ótima: Galactus é uma força animada da natureza, de proporções absolutamente gigantescas e de modo algum antropomórfica.
A maneira como o exército norte-americano lida com o Surfista Prateado traz à lembrança O Dia Em Que A Terra Parou (1951, Robert Wise), em que as forças militares dos Estados Unidos “enfrentam” o robô prateado que sai do disco voador. Neste Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado, digam-me se não é provocante o fato de o exército norte-americano prender o Surfista numa base (secreta?) na Sibéria (!) e usar um torturador chamado Sr. Sherman (!) para interrogá-lo. Apesar do que deixou de fazer em outros aspectos, tais sutilezas é que fazem o melhor deste filme.
LEGAL ESSE FILME!
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